sábado, 25 de setembro de 2010

Povo tornado soberano

... Kardec, em Obras Póstumas, no capítulo “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, como em O Livro dos Espíritos, destaca: “Risquem-se das leis e das instituições, das religiões e da educação, os últimos restos da barbárie e os privilégios; destruam-se por completo todas as causas que dão vida e desenvolvimento a estes eternos obstáculos do verdadeiro progresso e que, por assim dizer, aspiramos por todos os povos na atmosfera social, e então os homens compreenderão os deveres e benefícios da fraternidade, e a liberdade e igualdade se estabelecerão por si mesmas de qualquer forma”.

[...]Se quisermos preparar um futuro melhor, comecemos, de início, por instruir o homem quanto às verdades necessárias, por torná-lo mais sábio, mais esclarecido, mais senhor de si mesmo e de suas paixões[...]

[...] Apesar de todas essas melhorias, o povo permanece descontente, a classe operária parece desdenhar a realização gradual e metódica dos processos sociais, uma espécie de azedume persiste entre um grande número e, entretanto, a situação material do operário é, em geral, preferível à da pequena burguesia.

Por que o povo permanece desconfiado e às vezes hostil? É que ele foi por muito tempo enganado, subestimado e mesmo traído em seu passado. O povo se tornou incrédulo não apenas a respeito dos dogmas, mas ainda a respeito das promessas eleitorais. Entretanto, ele não é cético. O que ele pede antes de tudo é a justiça. E essa aspiração que ele cultiva para a justiça imanente não é um sentimento poderoso e quase religioso? Pode se encontrar no fundo da consciência e está aí no meio de incerteza e contradição o que nos orienta para um estado melhor. Falta-nos instituições que cultivem a justiça, na família, na cidade, que dela tornem o móvel de todas as ações.

Nesse sentido há muito ainda que fazer, pois não é tudo assegurar ao trabalhador o pão e a moradia. O povo não tem apenas necessidades materiais; ele pede também que se cultivem suas faculdades superiores, na instrução, muito negligenciada por uma política materialista, por sua insuficiência e seus falsos métodos, o que muito contribuiu para criar o mal estar que sofremos. Povo tornado soberano tem necessidade de ser mais conhecido em seus votos e seus julgamentos.

É preciso preocupar-se em dar ao homem uma fé livre e desinteressada, que o sustente em suas provas, uma crença racional que lhe permita reagir contra as causas de infelicidade. É chegada a hora de substituir o dogma envelhecido por um ideal científico e esclarecido em harmonia com a evolução humana. Então o povo mostrará todas as qualidades que nele subsistem e ver-se-á dissipar os preconceitos e a desconfiança que a democracia inspira ainda a certos espíritos inquietos.[...] - Socialismo e Espiritismo - Leon Dennis - texto escrito em 1924

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Minha escolha

No fim de semana enviei um email para minha lista que continha um vídeo com trechos sobre a candidata Dilma se mostrando meio enrolada nas suas falas. Duas pessoas da minha lista me responderam dizendo-se decepcionadas por eu estar divulgando este email.

Fiquei pensando no fato. Por que eu não quero votar na Dilma?

Acho, que o meu lado professora e mãe, fala mais alto.

Estou há anos falando em meus emails pela necessidade de lutarmos pela educação e repassando para minha lista coisas mais positivas. Inúmeras vezes deixei de enviar emails que percebia serem tendenciosos ou sem fundamento. Mas as evidências de corrupção e cobiça de várias pessoas que estão fazendo parte do nosso governo em todas as esferas, nos faz pensar...

Em quem eu posso votar?

Preocupa-me o fato de nos professores estarmos cada vez mais inseguros em sala de aula, local aonde antes éramos ao menos respeitados pelos alunos e pais. Cada vez mais professores se afastam das salas de aula por doenças ou stress excessivo relacionados à indisciplina e ameaças sofridas. Antes isto só acontecia nas escolas de periferia, agora NÃO!

Vejo minha filha que estuda numa escola Estadual reclamar cada vez mais da falta de bebedouros funcionando, papel higiênico na escola e de s coisas mais graves como professores que não aparecem para dar aula por estarem doentes ou por não terem o comprometimento com a escola devido ao baixo salário e a necessidade de pegar aulas em várias outras instituições para complementar seu salário.

Ouço o comentário de algumas alunas adultas que citam várias pessoas que falam em ter mais filhos para receber um aumento na bolsa família. Mas vejo também alguns candidatos fazendo campanha e dizendo que vão aumentar o valor da bolsa família. O resultado vai ser mais mães enchendo as maternidades correndo risco de morrer no parto em maternidades sem médico ou seus filhos correndo risco de fazer parte da triste lista de crianças que morrem antes de um ano. Não basta ter uma bolsa família para criar um filho com saúde e dignidade.

Os resultados vão ver na frente, quando nossos adolescentes sem animo para nada e sem objetivos, achando que tudo cai do céu vai achar mais fácil arrumar um trampo junto a pessoas ligado ao tráfico do que levar a dura vida que suas mães levaram (porque muitos não conhecem seus pais). Nos últimos dois anos percebemos o aumento de problemas nas escolas associados à droga e a criminalidade em geral. Alunos encaminhados pelo PET e também tutelados da justiça. Jovens que cometem crimes e que sabem que não serão presos se vêem no direito de pressionar colegas e ameaçar qualquer um que não atenda suas vontades ou que lhe apresente algum limite.

Lidamos com falsas imagens de prosperidade e vemos que as pessoas estão sendo demitidas, a cesta básica aumentando, as possibilidades de obter um bom emprego sem capacitação é impossível.

Por outro lado foi-nos prometida uma melhora na educação e na criação dos cursos técnicos eu não vi isto se concretizar ainda, e as vagas que surgiram em função da lei de cota são poucos e acredito que corresponde ao preenchimento de uma estatística que ficava antes por conta da evasão que existia nas Universidades.

Tenho relato de várias pessoas que falaram que conseguiram ingressar numa universidade particular através do PROUNI, mas depois do segundo ano é uma luta para o aluno continuar recebendo a gratuidade, pois as instituições dificultam ao máximo a permanência do aluno por conta de exigência descabida de notas altíssimas. Ora, se a tentativa de incluir alunos neste projeto com subsidio do governo é justamente para facilitar um aumento do número de estudantes na universidade não podemos deixar de considerar que quem entrou na universidade por estes meios não veio de uma escola particular na maioria das vezes e sim de uma escola pública, portanto é um absurdo exigir quase 100% de eficiência em cima de um aluno que se sabe que tem dificuldades de aprendizagem, conteúdos e formação desde o ensino fundamental.

Ai a gente fica pensando: o que está acontecendo?

O que podemos fazer para melhorar esta situação?

Sem sombra de dúvidas o primeiro passo e aprender a votar melhor e colocar nos cargos públicos alguém que lute por mais Educação, Saúde e Segurança. Mas existe uma coisa muito importante que lembro que meus pais falavam desde a infância, que não podemos esperar as coisas cair do céu. Se ficarmos de braços cruzados nada acontece, mas também como fazermos alguma coisa sem informação do que está acontecendo.

O que vemos hoje é uma tremenda vitória da desinformação. Não aprendemos a julgar sem saber os detalhes do que estamos julgando. A Informação não chega para o povo da forma como deveria, acho que por isso a responsabilidade dos meios de comunicação é tão grande, pois é muito fácil influenciar a opinião das pessoas com um rosto sorridente e bem maquiado, com roupas caras e promessas baratas.

Um último ponto que acho muito importante na minha escolha pela Marina está na minha intuição feminina. NÃO CONFIO na Dilma, não sinto sinceridade em suas palavras, acho tudo muito ensaiadinho e controlado demais.

Sinto mais confiança numa mulher simples que por acaso também é SILVA como tantos outros brasileiros. Que já demonstrou com sua historia que está disposta a lutar. Ela que já lutou tanto para sobreviver às adversidades, lutou para vencer doenças que atinge muitos brasileiros iguais a ela e venceu. Acabou ingressando na política e procurado torna-se uma voz a favor do povo brasileiro.

Para encerrar trechos de um discurso de Marina Silva (PV):

[...] Este país ainda tem desigualdade de oportunidades e ainda tem 18% dos seus jovens analfabetos. Este país ainda está com estagnação da qualidade do ensino. Quarenta por cento das crianças que entram no ensino fundamental não conseguem chegar até a oitava série. Precisamos superar este desafio. Justiça seja feita. Hoje, temos a acessibilidade de 100% das nossas crianças irem para a escola, mas a escola precisa ser criativa, produtiva, precisa valorizar os professores, precisa dar formação continuada, precisa valorizá-los econômica e simbolicamente para que sintamos orgulho de dar aulas. Este desafio ainda não foi superado no Brasil. Ainda temos um país que dilapida o seu imenso patrimônio natural. São milhões e milhões de hectares de florestas destruídas, são cem milhões de hectares de terras de áreas degradadas. Isto precisa ser corrigido, além de outras mazelas que precisamos cuidar. Neste momento que, ao invés de olhar para a floresta, para a biodiversidade, para os recursos hídricos, para as áreas que já foram degradadas, assumimos o compromisso de, com os empresários, com os trabalhadores, com o cidadão, com os cientistas, com os servidores públicos deste país, com os jovens e com todos ao que se dispõem em recuperarmos esse prejuízo [...] Não podemos ser ansiosos, não temos como entrar no coração do povo, deixemos que ele encante, se aquebrante, faça de novo tudo novo e dê a resposta no final das eleições. Enquanto o povo debate, dialoga, converge, diverge, se afasta, se junta e coliga, permitam só que, no afã de ajudarem suas decisões, lhes diga: Que marcas trago no peito? Que marcas trago nas mãos? Que marcas trago da condição feminina? Que marcas trago do chão? Que marcas trago das matas? Que marcas trago das atas, dos registros, dos porões? Que marcas trago em meus olhos e em meus sonhos, vontade, medo e paixões? Que marcas trago das cidades de encontro e separação? Que marcas trago da fé de quem crê para ver o quão este Brasil será gigante também pelas nossas mãos?[...] Que cada homem, que cada mulher, que têm fé, possam rezar, os que não têm, que possam torcer para que a gente possa fazer com que, no dia 1º de janeiro de 2011, o Brasil possa ter a primeira mulher negra, de origem pobre, presidente da República Federativa do Brasil.

Obrigada por sua atenção!

Rose Valverde

domingo, 19 de setembro de 2010

A vitória da DESINFORMAÇÃO



Harry - Desenho de minha ex-aluna Fernanda Sinhoroto Evaristo Carlos, feito para a Iara em 06/09/2007


No dia 17 de setembro minha filha teve que sacrificar seu cão o Harry após quase um mês de tentativas de salvá-lo da Cinomose. Para quem não conhece é uma doença incurável que quando não mata deixa seqüelas nos cães que vão desde cegueira, perda de audição, problemas pulmonares ou perda de movimento das patas (traseiras principalmente).
Falo em vitória da desinformação porque não sabíamos que ela poderia ser evitada com a repetição freqüente de uma vacina que aplicamos quando ele era pequeno e nem que ele podia adquirir esta doença quando adulto também.
As autoridades sanitárias fazem campanhas contra a raiva somente mas permitiu a distribuição de vacinas em alguns estados brasileiros com problemas o que ocasionou a morte de vários cães. Infelizmente sofrem mais as crianças que fazem parte da vida desses cãezinhos e que praticamente adoecem junto com eles quando isto acontece.
A falta de informação é tão cruel quanto a falta de dinheiro para comprar as caras vacinas e remédios que podem aliviar o sofrimento desses animais. Enfim, faço sempre um paralelo com nossas vidas porque informação é algo de difícil acesso para a maioria da população.
... Imagina então neste ano de eleição com tantos candidatos, tantos números, e a gente não consegue se informar direito para poder escolher em quem votar. Vamos acabar morrendo de RAIVA quando percebermos que novamente foram reeleitos tantos incompetentes quanto outros que entram também despreparados e depois, coitados de nós, vamos chorar muito porque perdemos uma oportunidade de ter um futuro melhor.
Acho que nossa prioridade número 01 é a Educação. Caminhando com ela a informação, que é um direito de todos nós.

Como estou lendo o livro São Francisco de Assis (João Nunes Maia pelo espírito Miramez) que amava os animais lembrei de finalizar esta postagem com sua oração:

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
Onde houver ofensa , que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
Onde houver dúvida, que eu leve a fé,
Onde houver erro, que eu leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido,
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se nasce para a vida eterna...

foto de Harry tirado pela minha filha Alline Valverde

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... Imaginem então neste ano de eleição com tantos candidatos, tantos números, e a gente não consegue se informar direito para poder escolher em quem votar. Vamos acabar morrendo de RAIVA quando percebermos que novamente foram reeleitos tantos incompetentes quanto outros também despreparados. E depois, coitados de nós, vamos chorar muito porque perdemos uma oportunidade de ter um futuro melhor.

Acho que nossa prioridade número 01 é a Educação. Caminhando com ela, a informação, que é um direito de todos nós.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Centro Cultural Bernardo Mascarenhas


Cida conhecendo a historia de Bernardo Mascarenhas e apreciando o seu retrato feito por Irrazabal...

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No último dia 04 de setembro fui ao Centro Cultural Bernardo Mascarenhas com meus alunos de desenho artístico e quadrinhos. Como era véspera de feriado a turma estava pequenina, mas pude levá-los a exposição do Cesar Balbi na Galeria Arlindo Daibert, na exposição de Wesley Aragão e Adriana Stehling e uma exposição de máscaras. Os alunos adoraram e fiquei de levar as outras turmas para apreciarem também.

A aluna Maria Aparecida na exposição de máscaras


A exposição de Cesar Balbi:




As alunas de desenho artístico e quadrinhos: Maria Aparecida, Thayane e Lídia


A exposição de Wesley Aragão e Adriana Stehling:




A aluna Maria Lúcia

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Hoje as 9:00 horas da manhã levei o restante da turma para ver a exposição do Cesar Balbi na galeria Arlindo Daibert, mas quando cheguei lá, a galeria estava fechada. Tive de descer novamente e solicitar à funcionária da recepção que o funcionário abrisse a galeria para que eu pudesse mostrar a exposição. Fiquei meio intrigada pelo fato de que o artista coloca seus quadros no espaço e a galeria fica fechada ou só é aberta quando solicitado ou se você agenda uma visita. Afinal, quando a gente propõe através de edital fazer uma exposição no CCBM consta que a galeria tem um horário de funcionamento...
Bem, a funcionária me perguntou se queria uma visita guiada eu falei que era bom sim para que os alunos entendessem melhor. Mas a jovem que faria este acompanhamento me falou que não sabia muito sobre o trabalho dele. Ela me acompanhou e subimos mesmo assim e diante disto eu acabei tomando a frente e mostrando para eles sobre o material utilizado e o estilo de pintura do Balbi procurando despertar a curiosidade deles pela proposta e técnica utilizada. Diante de uma tela em que ele homenageia um artista japonês minha aluna que é adulta e estuda com o seu neto na mesma turma ficou meio assustada e falou: Mas eu não sabia que tinha coisa que o meu neto não pode ver. Diante da situação tive que dar quase uma aula na galeria sobre a Arte e sexualidade e, como a diferença de cultura pode influenciar na maneira pela qual vemos a sexualidade. Procurei esclarecer para todos que a nudez na Arte não tem a característica de pornografia é ai discorri um tempo sobre a questão da criação do homem, sobre a função divina da procriação e da relação íntima entre os casais. Assim como surgiu um rápido debate sobre moralidade e arte.
Enfim, detectamos mais uma situação que só dificulta a formação de futuros apreciadores da Arte que é a falta de informação. É necessário que tenhamos textos (ou releases), assim como um pequeno material resumido que permita aos observadores entender um pouco mais da proposta do artista para que não saiam dali julgando a qualidade de uma exposição por um quadro que não foram capazes de entender por falta de contextualização.
As outras exposições de pintura e fotografia foram uma aula também já que uma delas homenageia os 160 anos de Juiz de Fora exibindo fotos lindas com textos muito interessantes. E a outra exposição mostra quadros e fotos em paralelo fazendo uma demonstração muito rica das diferentes formas de percepção dos artistas. Vimos também um a exposição de máscaras que é parte do acervo de vários artistas e produtores de Teatro de Juiz de Fora.
Levei também as duas turmas de Costura Industrial e Desenho de Moda (manhã e tarde) e a maioria não conhecia o espaço. Está é uma oportunidade de enriquecer a formação dos alunos das oficinas profissionalizantes que oferecemos no CEM e de incentivá-los a buscar a arte e sentir a vontade de conhecer mais sobre os vários tipos de manifestações artísticas existentes em nossa cidade.
Valeu à pena!
Informações das exposições visitadas:
Exposição “Complexo Cotidiano”, do fotógrafo Bruno Moraes. A mostra une fotos produzidas pelo artista com crônicas escritas por Paula Jenevain Grazinoli. A exposição tem visitação gratuita até o dia 12 de setembro, sempre de terça à sexta-feira, das 9h às 21h e aos sábados e domingos, das 10h às 16h.
Exposição “Pinturas e Fotos”, do artista plástico Wesley Aragão de Moraes e da fotógrafa Adriana Miranda Sá Stehling (filha do falecido artista Renato Stehling) aberta à visitação até 12 de setembro, no CCBM.
A exposição “Balbi – A Busca da Elipse Perfeita” do artista plástico Cesar Balbi fica aberta a visitação até 26 de setembro, no CCBM (Av. Getúlio Vargas 200 - Centro). O público poderá conferir 22 trabalhos, que expõem diversas facetas do artista, formando uma coletânea de sua carreira. Utilizando-se de técnicas mistas, que incluem acrílica sobre tela, desenho e colagens.