domingo, 30 de janeiro de 2011

Investir mais no SER


Em matéria publicada pela Tribuna de Minas nesse domingo (30/01) DCE vira escola de líderes de JF” destaco um trecho que tem a ver com minhas memórias da época da Faculdade.

“[...]Parte das memórias e todo o contexto histórico que envolve o fortalecimento do DCE, entre os anos de 1974 e 1984 é contada pela mestre em História pela UFJF, professora Gislene Lacerda, no livro "Memórias de esquerda", com previsão de lançamento para o mês de abril. As informações fazem parte da sua pesquisa, que resultou em uma dissertação de mestrado. "O ano de 1979 é muito importante para a luta pela anistia em Juiz de Fora. O movimento teve uma atuação muito grande, fazendo passeatas e eventos, como a ocupação do Restaurante Universitário (RU) pela qualidade da comida. Que era ruim e cara", conta a historiadora.

Protestos, invasões e prisões

O episódio destacado pela professora é narrado por Cheker, então presidente do DCE. "Eu me recordo de estar chegando ao Campus de carro e ver as tropas do Exército, acionadas pelo reitor, deixando o caminhão e indo para cima dos estudantes", relembra. O ato resultou na prisão de alguns manifestantes, o que sensibilizou autoridades como o então senador Itamar Franco, hoje no PPS. Em um dos seus discursos no Congresso, Itamar chegou a fazer um apelo para que os estudantes fossem soltos - entre eles, além de Cheker, estava também o deputado federal Paulo Delgado. "Embora tenhamos, sim, corrido da polícia, dos cães e dos gases lacrimogêneos, nossa época ainda foi mais tranquila. Embora nós ainda tenhamos sido presos, foi um período bem mais leve", ressalta Cheker.[...]

Lembro que nesse dia que o Flávio Cheker relatou, eu e meu primo, estavamos descendo a rua São Sebastião para ir a aula e, quando fui chegando perto da reitoria, vi vários soldados militares com escudos e cassetetes fechando a entrada da rua, no trecho entre a São Sebastião e Silva Jardim, aonde ficava o RU do centro. Fiquei apavorada e escondi a minha pasta que denunciava minha condição de estudante, fomos dar a volta no quarteirão e vi que pelo outro lado a rua também estava fechada. Eu e meu primo resolvemos não subir para a UFJF, pois não sabiamos o que estava acontecendo. Junto com várias pessoas que estavam sem entender o que estava assistindo, ouvimos os estudantes cantando o Hino Nacional por várias vezes seguidas e percebemos que era uma forma de defesa, já que os soldados não saiam de sua posição enquanto estavam ouvindo o hino. Foi emocionante ouvir o Hino Nacional sendo utilizado dessa forma como uma maneira de vencer a truculência da qual estavam sendo vítimas.

Esse foi um dos momentos mais marcantes que vivi e me fez perceber a extensão da opressão de um regime ditatorial em relação a uma simples manifestação estudantil. Hoje, abrimos o jornal e vimos jovens se enfrentando e até se matando, não por um ideal político e social, mas por motivos fúteis ou pelo envolvimento com o crime e o trafico. Nessa mesma edição da Tribuna li um relato de uma rixa envolvendo cerca de 14 jovens entre 17 a 23 anos, tendo como resultado vários jovens feridos à faca e um tiro na perna de um deles.

No decorrer dos últimos trinta anos percebemos a mudança nas atitudes dos jovens e adultos em nosso país. Mais violência, desinteresse pelos estudos, pela situação social e política do país e desinteresse pelas suas próprias vidas.

A banalização da vida...

A falta de objetivos...

O que está faltando? Família? Educação? Religiosidade? Respeito?

...Acho que precisamos nos unir e pensar em soluções para isso. Mudar atitudes, dar bons exemplos, fortalecer as relações familiares e comunitárias.

Investir mais no SER e não no TER.


“O desespero é uma doença. E um povo desesperado,lesado por dificuldades enormes, pode enlouquecer, como qualquer indivíduo. Ele pode perder o seu próprio discernimento. Isso é lamentável, mas pode-se dizer que tudo decorre da ausência de educação, principalmente de formação religiosa.”

Chico Xavier

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Citações de Gibran

Meu pai sempre citava para nós uma frase do Gibran. Dizia mais ou menos assim: “Vossos filhos não são vossos filhos, são filhos da ânsia da vida por si mesma...”. Foi uma referência para eu criar minhas filhas. Mas, o que eu não sabia é que ele era também um exímio pintor e desenhista e sua arte mística atraiu a atenção da Diretora de uma escola americana que lhe ofereceu uma bolsa de estudos em Paris. Conviveu com Rodin e expos em 1910 em Paris. Todos os seus livros escritos em inglês foram ilustrados por ele com desenhos evocativos e místicos.

Sua sensibilidade e leveza de traços, aliada a singeleza de suas palavras fazem parte da herança deixada por ele e merece ser divulgada...

Abaixo trechos do livro O Profeta (1923):

“Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos e as filhas da ânsia da Vida por si mesma.

Vêm através de vós, mas não são de vós.

E embora convivam convosco, não vos pertencem.

Podeis outorgar-lhes o vosso amor, mas não vossos pensamentos,

Porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;

Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós;

Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.

O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda Sua força para que Suas flechas se projetem, rápidas para longe.

Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:

Pois assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o arco que permanece estável.”




Sobre o Ensino

Depois um professor disse, Fala-nos do Ensino.

E ele respondeu:

Ninguém vos poderá revelar nada que já não esteja meio adormecido na aurora do vosso conhecimento.

O professor que caminha na sombra do templo, entre os seus discípulos, não dá a sua sabedoria mas antes a sua fé e amor.

Se for realmente sábio, não vos convida a entrar na casa da sua sabedoria, mas antes vos conduz ao limiar do vosso próprio espírito.

O astrónomo pode falar-vos do seu entendimento do espaço, mas não vos pode dar o seu entendimento.

O músico pode cantar-vos o ritmo do espaço, mas não vos pode dar o ouvido que faz parar o ritmo, ou a voz que dele faz eco.

E aquele que é versado na ciência dos números, pode falar-vos de pesos e medidas, mas não pode levar-vos até lá.

Pois a visão de um homem não empresta as suas asas a outro homem.

E, mesmo que cada um de vós esteja sozinho no conhecimento de Deus, também cada um de vós deve estar sozinho no seu conhecimento de Deus e na sua compreensão da Terra.


Livros escritos por Gibran: 1905/1920 - Gibran escreve quase que exclusivamente em árabe e publica sete livros nessa língua: 1905, A Música; 1906, As Ninfas do Vale; 1908, Espíritos Rebeldes; 1912, Asas Partidas; 1914, Uma Lágrima e um Sorriso; 1919, A Procissão; 1920, Temporais. Curiosidades e Belezas, (publicado após sua morte, composto de artigos e histórias já inseridas em outros livros e de algumas páginas inéditas).1918/1931 - Gibran deixa, pouco a pouco, de escrever em árabe e dedica-se ao inglês, no qual produz também oito livros: 1918, O Louco; 1920, O Precursor; 1923, O Profeta; 1927, Areia e Espuma; 1928, Jesus, o Filho do Homem; 1931, Os Deuses da Terra. 1932, O Errante e 1933, O Jardim do Profeta. (publicados após sua morte