domingo, 27 de março de 2011

Histórias e memórias do CCBM


A partir das pesquisas que estamos realizando para o projeto Bernardo Mascarenhas, um homem várias histórias, da Cedro e Cachoeira até os dias de hoje. Surgiram outros assuntos e outras histórias e algumas fazem parte de experiências que vivi no CCBM no período em que trabalhei na FUNALFA.
Apresento aqui parte desse relato, o restante vocês poderão visualizar no meu site www.rosevalverde.art.br na página Arte-educação – arquivos textos p/ divulgação – O CCBM sob meu olhar.
 Apresentação de Henrique Simões na abertura da Mostra Professor Também Faz Arte (2010)
“Quem diria que após vinte anos em que eu fiz um curso de Teatro com o Henrique Simões o reencontraria encenando textos de Drumond no mesmo espaço em que ele tanto lutou para criar. E tive o privilégio de documentar esse momento que agora serve como um elo entre o presente e o passado. [...] Mas podemos voltar mais ao tempo até meados de 1983 quando Simões conversava com Walter Sebastião, jornalista e crítico de arte, sobre a Fábrica Bernardo Mascarenhas que estava há anos abandonada e sem utilidade. E assim, Henrique Simões, Walter Sebastião e Guilherme Bernardes iniciam junto com os irmãos, Décio, Nívea e Carlos Bracher e vários outros artistas e intelectuais da época a campanha “Mascarenhas meu amor”, que é o início de um longo processo de negociação e mobilização visando negociar com autoridades do estado a fim de conseguirem transformar a velha e falida fábrica no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas. [...]Em 1990 comecei a trabalhar na Funalfa a convite da Superintendente Patria Zambrano e o Coordenador de Cultura na época era o Natale Chianello, foi aí que entrei na Oficina do Sensorial Teatro que era dirigida pelo Henrique Simões. [...] De 1990 a 1994 trabalhei na Funalfa no setor de Artes Plásticas e durante esse período iniciamos um cadastro de artistas plásticos da cidade e através desse cadastro começamos a reunir os artistas e realizar eventos ligados a arte. Montamos o projeto Galeria Aberta, que reunia artes plásticas, poesia, dança, apresentações musicais e concertos no Parque Halfeld. Em setembro de 91 realizamos a galeria aberta que tinha uma premiação ao final e exibimos também, durante o evento, filmes de arte em 16 mm sobre Picasso, Os Impressionistas, Delacroix, Marc Chagall, Braque e Claude Monet. Realizamos exposições no Saguão da Câmara, como a exposição coletiva Grupo 16, e no próprio Espaço Mascarenhas a exposição de Artistas da Zona da Mata, gincanas artísticas ao ar livre e etc.[...]”
Obra em exposição no MAMM  

No dia 27 de março, quando estive na abertura da exposição, O POETA DAS IMAGENS, Acervo da Casa de Rui Barbosa com pinturas de Arlindo Daibert no Mamm, outra história veio a minha memória. Arlindo Daibert faleceu em 1993 e poucos conhecem a história de sua morte que aconteceu no próprio CCBM, enquanto ele fazia uma palestra sobre cinema. Alguns ouvintes acharam que ele estava encenando, pois, falava sobre filmes de suspense quando caiu vítima de um ataque cardíaco. 


 
Arlindo Daibert

Arlindo, exerceu sua arte com dedicação e originalidade e partiu novo ainda, em plena atividade, resgatando histórias da arte como era sua preocupação sempre.

Mais histórias, estamos reunindo e em breve estará num blog que será o registro de toda a pesquisa realizada nesse projeto. Até lá dividiremos alguns momentos importantes que fazem parte da história do Espaço Mascarenhas e de nossa cidade.


domingo, 20 de março de 2011

Tsuro pela Paz


Estava me preparando para escrever a todos sobre a eleição para o Conselho Municipal de Cultura de Juiz de Fora, cuja eleição começa amanhã dia 21 e 22 de março,  mas ao ver o jornal da noite na tv mudei de idéia. 

Me surpreendi quando, no meio de uma reportagem, apareceu o Presidente Obama dando uma notícia grave de uma forma tão banal: o anuncio do bombardeio contra as forças do Gaddafi na Líbia. Como se fosse a mesma coisa de anunciar um passeio ao corcovado. Talvez não seja a toa que hoje pela manhã eles cancelaram a ida ao Corcovado. Será que vão? E se forem será que diante da representação do Cristo de braços abertos ele não pensará um pouco na decisão de iniciar uma guerra que como ele mesmo disse poderá afetar o mundo nos próximos dez anos?

É uma pena que a nossa tietagem diante do primeiro presidente Negro dos EUA conversando com a primeira mulher Presidente no Brasil teve esse gostinho amargo de trazer junto o fim de nossas esperanças em preservarmos a PAZ.

Essa Paz da qual eu sempre falo e que acho que é nossa função como artistas e educadores defender até o fim, por que sem ela a humanidade não cresce espiritualmente. E como vimos com o grande desastre natural do Japão não adianta reunir riquezas por que diante dos fenomenos naturais da natureza isso nada resolve. A nossa Mãe terra está se revolvendo mesmo diante de tanta ambição, usura e consumismo.
“Nossa mãe terra, Senhor
 geme de dor noite e dia,
Será de parto essa dor ,
ou simplesmente agonia?”

Há alguns anos fiz uma exposição que se chamou: “O que os olhos veem? Paz...”. Na época (2005) colocamos vários Tsuru[1] na entrada da exposição e uma das obras que expus fazia uma reflexão sobre a bomba de Hiroshima que foi lançada em 06 de agosto de 1945, por um presidente Americano, Harry S. Truman. Quase ninguém deu atenção a esse pequeno quadro, mas também quase ninguém se lembra que foram os americanos que iniciaram a primeira agressão nuclear a uma população indefesa. 



Agora por incrível que pareça a própria mãe terra detonou esse processo de destruição. Mas isso nos serve de alerta, porque a energia nuclear foi criada para ser utilizada em fins pacíficos e o homem com sua ambição desvairada acabou transformando-a numa poderosa arma de destruição.

O caminho que estamos a trilhar coloca em nossas mãos aquilo que viremos a colher. Por isso venho há anos falando sobre a Paz, a vida, a alegria, a natureza e sempre utilizei meus desenhos para mostrar a dor, mas também falar da paz, do amor e da harmonia.
Não precisamos de mais visões negativas do que já temos em nosso dia-a-dia, não queremos aumentar nossa cota de sofrimento decorrente de decisões erradas.
 “Jesus citava o “amor” como “ágape”, termo que significava servir. Amor sempre foi sinônimo de servir e quando a gente começa a entender a extensão desta palavra já não podemos nos permitir deturpar sentimentos, cairmos nas viciações, mergulhar na luta insana pelo prazer físico, pela posse, pelo poder, pela usura, sem que mergulhemos também na infelicidade e na dor. Nossa libertação está na conquista do amor maior, quando nossos seres queridos já não serão restritos à família, ou a um ser especial, mas a humanidade inteira. Quando este amor-servir, encantar e dominar a terra, não existirá mais o mal e o ódio se apagará diante de tanta luz.
Não gostaria de parecer cafona nem piegas, mas o que gostaria de dizer é que meu heroi é Jesus e que a única maneira da humanidade conquistar a Paz é se espelhar nele. EU, não tenho vergonha de dizer que admiro seu exemplo.




[1] O Tsuru é o símbolo do Origami japonês e significa boa sorte, felicidade e saúde. Depois da destruição de Hiroshima em 1945, surgiram muitas doenças entre os sobreviventes. Uma das vítimas, Sadako Sassaki, com dois anos no dia da explosão, começou a sentir os efeitos da Bomba Atómica aos 12 anos, sendo-lhe diagnóstico Leucemia. Quando Sadako estava no hospital, um amigo levou-lhe alguns papéis coloridos e dobrou um pássaro (TSURU). Disse-lhe que esse pássaro é sagrado no Japão, que vive mil anos e tem o poder de conceder desejos. E que se uma pessoa dobrar mil Tsurus e fizer o seu pedido a cada um deles, este será atendido. Sadako começou a dobrar Tsurus e a pedir para se curar, porém a sua doença agravava-se a cada dia. A menina começou, então, a pedir pela Paz Mundial. Sadako dobrou 964 Tsurus até 25 de Outubro de 1955, data em que morreu. Os seus amigos dobraram os restantes Tsurus a tempo do seu funeral. Mas eles queriam mais, desejavam pedir por todas as crianças que estavam a morrer, em consequência da explosão da Bomba Atómica. Os amigos de Sadako formaram um clube e começaram a angariar dinheiro para um monumento. Contribuíram estudantes de mais de 3000 escolas do Japão e de 9 outros países. Em 5 de Maio de 1958 inauguraram o Monumento da Paz das Crianças, no Parque da Paz de Hiroshima. Todos os anos no Dia da Paz, seis de Agosto, são enviados Tsurus de papel, provenientes de todo o mundo, para o Parque. As crianças desejam espalhar pelo mundo a mensagem esculpida na base do monumento de Sadako: Este é o nosso Grito/ Esta é a nossa oração: Paz no Mundo

sábado, 12 de março de 2011

As Rosas não falam - Cartola

fotomontagem - Rose Valverde

Na minha casa só pego na TV o sinal da Globo e confesso que nos últimos tempos quase não assisto nada na TV.
Felizmente  assisti o programa Por toda a minha vida com um especial do Cartola no dia 11 de março.
Quando ganhei de minhas filhas um cd com várias músicas cantadas por ele e por interpretes sensacionais como a Beth Carvalho, Ney Matogrosso e Elizeth Cardoso, fiquei fã dele.
Mas não conhecia a sua história e cito aqui um resumo do site:

“No programa estão os momentos mais importantes da vida do cantor, começando por seu nascimento em uma família de razoável poder aquisitivo, o que explica um pouco o motivo pelo qual ele prezava tanto ternos, chapéus e tinha uma postura alinhada, e a crise econômica pela qual passou, obrigando-o a se mudar para a Mangueira.Ao longo de sua história, merecem destaque também sua maneira otimista e poética de conduzir as maiores dificuldades de sua vida, assim como a paixão pela música (inclusive a erudita) e o tardio reconhecimento de seu sucesso, já que ele gravou seu primeiro LP aos 65 anos de idade. Depoimentos de Sergio Cabral, renomado compositor do mundo do samba; o filho de Zica, oficialmente adotado por Cartola; sua neta; vizinhos, Paulinho da Viola e Beth Carvalho também são registrados na atração, que é conduzida por Fernanda Lima.O programa é de autoria de George Moura, tem direção-geral e núcleo de Ricardo Waddington e direção de Luiz Henrique Rios.”

Um dos seus maiores sucessos:

Acontece
Composição: Cartola

Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.


A composição que mais me emociona:

Não Quero Mais
Composição: Cartola / Carlos Cachaça / Zé da Zilda

Não quero mais amar a ninguém
Não fui feliz, o destino não quis
O meu primeiro amor
Morreu como a flor, ainda em botão,
Deixando espinhos que dilaceram meu coração.
Semente de amor sei que sou desde nascença,
Mas sem ter a vida e fulgor, heis minha sentença,
Tentei pela primeira vez um sonho vibrar,
Foi beijo que nasceu e morreu, sem se chegar a dar,.
(bisa a primeira parte)
Às vezes dou gargalhada ao lembrar do passado,
Nunca pensei em amor, nunca amei nem fui amado,
Se julgas que estou mentindo, jurar sou capaz,
Foi simples sonho que passou e nada mais

A música mais conhecida.  Maravilhosa!
Ele se inspirou nas Rosas que via da janela de sua casa em Jacarepagua e num dialógo que teve com a Zica quando ela comentou sobre o porque da beleza das rosas  e ele disse: “eu, não sei, mas as rosas não falam.”

As Rosas Não Falam
Composição: Cartola

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

quarta-feira, 2 de março de 2011

A História da Galeria de Arte Celina - JF

Por Rose Valverde[1]



Estamos desenvolvendo o projeto “Bernardo Mascarenhas, um homem várias histórias, da Cedro e Cachoeira até os dias de hoje”, e, como parte do processo de pesquisa realizamos algumas entrevistas. Minha curiosidade era saber mais sobre a história da Galeria de Arte Celina, que existiu em Juiz de Fora na década de 60. Eu e Alcione Bracher realizamos essa entrevista com a Nívea, Décio e Carlos Bracher, no dia 25 de fevereiro de 2011.

Espero que gostem...



O símbolo da GAC – Galeria de arte Celina foi feito pelo Sr. Waldemar, pai dos Bracher (Nívea, Celina, Décio e Carlos). E segundo conta Nívea: “Era em nossa casa e na Parreiras aonde os artistas se reuniam. A Galeria de Arte Celina também surgiu dessa necessidade de espaço. Uma coisa é fazer os seus quadros para expor e outra coisa era fazer além da montagem da exposição à estruturação do próprio espaço para expor, porque, segundo o Dnar Rocha: “uma exposição tinha que ser um momento extraordinário”.


“Então todo ano a gente montava uma galeria de arte”, disse Nívea. O Carlos e o Décio e a Celina, que tinha uma capacidade fantástica e era muito além do tempo dela. “A Celina era uma Angela Diniz antes da Leila Diniz” dizia a Wanda, a mulher do Luis Afonso. Nívea então explicou: “Pensamos em montar um espaço permanente para receber as exposições que a gente quisesse. E não se sabia aonde. O Décio se lembrou de um espaço que o papai tinha na galeria PIO X. Ali já funcionava a cultura Inglesa e o DCE e o tio Lico[2] tinha feito a primeira academia de arte de Juiz de Fora, na década de 50 e dava aula de violino, e eu estudei com ele Violino. Tinha o Ney Bohns Martins que tinha um escritorio na galeria”.



Vista do Castelinho dos Bracher - Pintura de Frederico Bracher

Vista atual


Ela continua: “Então, aquele segundo andar, onde meu pai tinha um escritório de uma imobiliária que faliu porque fazia casas decentes de ótima qualidade, e se chamava ENISA - Empresa Nacional Imobiliaria S.A., era um grupo de BH, e o papai ficou gerenciando. E como faliu, o papai continuou com aquele escritório e facultava aquele espaço para reuniões de grupos como da Filarmônica, o coral do Vitor Vassalo...”
“E o Décio falou por que não fazermos esse espaço lá? Era uma sala grande, a outra com corredor e um banheirinho, eram três salas conjugadas. E aí é que entrou a inventividade do Carlinhos e do Décio e eles conseguiram modular aquele espaço de uma maneira tão fantástica, era multiuso. Então, ora era cinema, quando era cinema descia a tela que cobria a janela, a que dava para a Rua Halfeld. Tinha cinema de dia e a noite. Tinha teatro de arena. O Natale Chiannelo fez peças de teatro lá dentro e havia as exposições, cursos e palestras. Fizemos um buraco na parede para colocar a câmara de projetar e foi feita num ângulo certinho e não distorcia a imagem”. 

“Aqui existia um clima de cultura na época. Que o Décio fala muito bem que quem não viveu em Juiz de Fora nos anos 50 e 60, não conheceu o paraíso. Isso aqui realmente era um paraíso. Um grupo. Nós éramos tão irmanados que não eu, individualmente, o Décio e a Celina, nós éramos uma alma grupo. Aonde ia um, ia o bando, e a Celina sempre liderando”.
“Nós saíamos todos os domingos para pintar, mas a gente saía num bando de umas vinte pessoas e todos nos íamos de ônibus, pois ninguém tinha dinheiro.  O Nelsom do observatório Flammarion é o único que ia de lambreta. A Celina não pintava, mas encantava... Ela que fazia o fio de meada com todo mundo. Teve um caso muito engraçado da Celina, Pupi e Mafalda. É que a Celina não podia ver água que ela pulava na água e nesse dia estávamos pintando na Cerâmica e elas pularam na água, e começaram a se afogar e aí os três artistas pularam na água para salvá-las e, quando estavam todas salvas a Celina resolveu entrar na água de novo e aí ficou meio assim uma piada. A Celina não pinta nem nada...

 Celina Bracher (1934-1965)


“Tinha de tudo, o grupo tinha repórteres, tinha mulher, tinha homem, tinha um professor Francês de arqueologia, o Décio, tinha o Afonso Romano de Santana. Era um grupo muito bom. Então, com um grupo bom desses tudo sempre acontecia, não precisava ter dinheiro. Essa envolvência cultural, todos juntos... A galeria Celina foi fundada em 1965 em dezembro no dia 19, e a iluminação era de lata de Neston.”

Nívea ainda acrescenta: “Hoje em dia tudo tem que ter projeto, mas antigamente não. Dinheiro ninguém tinha. Com a capital, indo para Belo Horizonte, Juiz de Fora esvaziou. Mas Juiz de Fora tinha aquele clima cultural e aí que vou situar a galeria Celina. Eu sei quando começou, mas quando acabou eu não posso precisar a data, porque eu sinto que ela não acabou. Ela continuou. É como uma semente quando você planta, você acha que ela morre. Mas ela não morre, ela se transforma na árvore. Quase tudo que vem hoje em Juiz de Fora, passa pela gente, passa pela Galeria de Arte Celina, e isso é mérito da qualidade de pessoas de Juiz de Fora.”

 Spot projetado por Frederico Bracher


Achei importante destacar os spots que foram idealizados pelo Frederico Bracher (pai da Alcione) e que funciona até hoje. O Carlos Bracher nos mostrou como era seu funcionamento.


Carlos Bracher diz: “mas a gente tinha o principal que é o sonho, isso não tinha limite. A gente era mantido a sonho 24 horas. Muito mais que 24 horas. O dia era uma eternidade. Cada dia entre todos nós, não só os da família, mas entre os amigos era a plenitude de viver, de sonhar, de realizar, de produzir coisas, de se irmanar através desse espírito grupal coletivo. A gente criou um senso muito específico de felicidade entre todos nós... Aí que era uma coisa importante, a potencialização dos feitos.”
“Se a gente for à Galeria Celina hoje, é uma sala de 8x8, não é nada, uma salinha de nada. A sala física era inacreditavelmente exígua, pequena. Mas o espaço do sonho é que era grandioso, era ilimitado. Essa condição da espacialidade, do viver e do imaginar e do criar, essa, era ilimitada. Foi uma coisa tão profunda, de tal intensidade que no ano de 66 nós fizemos mais de 500 eventos em um ano. Porque lá era assim: de manhã, de tarde de noite e de madrugada... Se alguém quisesse ir lá de madrugada tinha gente lá passando filme e eram obras primas do cinema internacional.”

Nívea - Filmes que eram da cinemateca de Paris e que hoje compõe a cinemateca do MAM do Rio, toda a história do cinema.

Carlos Bracher – “Fizemos cursos de Cinema... Vieram críticos de cinema, cineastas. A primeira exposição do Arlindo Daibert foi nesse espaço. E do Roberto Vieira... Enfim, é importante dizer é que a galeria começou para ser um movimento de artes plásticas, uma galeria de arte, mas só que imediatamente deixou de ser isso e passou a ser um Centro Cultural. Porque a gente ali integrava todas as artes. Essa sensação de pluridade é que deu o grande sentido daquele espaço, daquele Centro Cultural”.

 Décio, Nívea e Carlos Bracher


Foram horas de bate papo e muitas outras informações que em breve estaremos disponibilizando no blog do projeto Bernardo Mascarenhas.

Por hora fico por aqui, mas com certeza teremos mais histórias para contar...


[1]Rose Mary Pinto Valverde de Carvalho, Artista Plástica, Professora de Artes, Especialista em Arte, Cultura e Educação – IAD/UFJF.

[2] Frederico Bracher - Nasceu no Rio de Janeiro em 1920 e faleceu em Belo Horizonte, em 1984. Pintor, desenhista e violinista, estudou pintura com Amilcar Agretti. Recebeu o Prêmio de Pintura do jornal Estado de Minas em 1938. Em 1939 transferiu-se para Montes Claros, MG, onde abriu uma escola de artes, para o ensino de pintura e música. Com outros músicos fundou a Orquestra Filarmônica de Juiz de Fora e foi membro fundador da Associação de Artistas Plásticos de Minas Gerais. Expôs individualmente em vários estados brasileiros e em Tóquio, destacando-se: mostra no Núcleo São Lucas em Belo Horizonte (1935-36); Automóvel Clube de Montes Claros, MG (1937-56); Automóvel Clube de Belo Horizonte (1942/63/70); Galeria Minarte, BH (1964-65); Galeria de Arte Telemig, BH (1984); Palácio das Artes, BH (1986); Centro Cultural Pró-Música, Juiz de Fora (1986); MAC, Curitiba (1986); Fundação Cultural do Distrito Federal (1986); Centro Cultural Hermes de Paula, Montes Claros (1986); MASP (1986) e Museu Nacional de Belas Artes, RJ (1986). Participou da mostra coletiva Emergência do Modernismo em Belo Horizonte, realizada no Museu Mineiro (1996) e do Salão Municipal de Belo Horizonte (1937/1938). Possui obras no acervo do Museu Mineiro em Belo Horizonte e Museu Mariano Procópio em Juiz Fora.

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Nívea Bracher (1939) Nasceu em Belo Horizonte, filha de Waldemar e Hemengarda Bracher. Veio com sua família residir em Juiz de Fora em 1940. Historiadora e artista plástica. Foi uma das criadoras do Grupo Oficina em BH, na década de 60. Fundadora junto com seus familiares da Galeria de Arte Celina em Juiz de Fora – MG.
Décio Bracher  (1932) Natural de Belo Horizonte. Iníciou seus estudos na SBAAP entre 1943 e 1945. Historiador, geografo, Arquiteto e vários cursos de extensão e eperfeiçoamento nas áreas de artes plásticas, música, história, arquitetura e urbanismo. Fundador junto com seus familiares da Galeria de Arte Celina em Juiz de Fora – MG. Trabalha com pintura, pintura em cerâmica e aquarela. Fonte: AMARAL, Lucas Marquesdo, A Parreira e seus artistas, FUnalfa, 2004.
Carlos Bracher nasceu em Juiz de Fora MG, em 1940, numa família voltada para as artes plásticas e a música. Em 1967 obteve o "Prêmio de Viagem ao Estrangeiro" do Salão Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro , através do qual permaneceu por 2 anos na Europa, em estudos e viagens, residindo principalmente em Paris. Reside desde 1972 em Ouro Preto,MG. A partir de 1970 tem exposto nos principais museus e galerias do país. Em 1980 lhe foi conferido o "Prêmio Hilton de Pintura", da Funarte, como um dos 10 Artistas que mais se destacaram no Brasil, na década de 70, entre eles Claudio Tozzi, João Câmara, Siron Franco e Tomie Ohtake. No exterior, fez exposições individuais em Paris, Roma, Milão, Madri, Haya, Lisboa, Miami e Santiago do Chile. Em 1990 pintou uma série de 100 quadros , intitulada "Homenagem a Van Gogh", que foi exposta no Museu de Arte de Belo Horizonte, Simões de Assis Galeria de Arte em Curitiba e Galeria Bonino no Rio de Janeiro. Posteriormente foi exibida em Rotterdam, Paris, Auvers-sur-Oise, Londres, Pequim, Tóquio e Bogotá.
Foram editados quatros livros sobre sua obra: "Bracher" (Métron); Homenagem a Van Gogh  (Empresa das Artes) ; "Bracher; do Ouro ao Aço" (Salamandra); "Carlos Bracher : da Mineração da Alma" (EDUSP), além de integrar 12 livros de arte . Existem dezenas de vídeos sobre sua vida e obra e os grandes críticos nacionais escreveram sobre ela. fonte:http://www.nini.com.br/artistas/artistasVerCurriculum.php?artista=61