terça-feira, 1 de maio de 2018

Trabalho, qual trabalho?

Pra quem gosta do que faz o dia do trabalho acaba sendo um dia pra trabalhar também. Planejar e quem sabe ficar pensando em como melhorar o seu negócio.

Hoje fiquei arrumando meus materiais, separando desenhos, guardando certificados e materiais de estudo. Ao mesmo tempo pensava em com a gente guarda coisas junto com as experiências que acumulamos dentro da gente. Pra que guardar lembranças materiais de experiências, cursos, etc... Talvez pra quando a gente aposentar (como fiz ano passado) jogar fora as coisas que já não fazem parte de nosso dia a dia e começar outra jornada.

Não, não parei! Nem vou parar nunquinha porque faço o que gosto. Mas confesso que sinto falta de dar aulas, de conversar sobre arte, sobre empreendedorismo e sobre assuntos não tão banais que acabam surgindo na sala de aula.

Mas hoje é dia do trabalho. Dia que o trabalhador comemora tirando uma folga. Alguns né? porque tem muita gente que tá trabalhando até agora.

Minha maior angustia não é o trabalho, é quanto o nosso trabalho paga de imposto para ser desviado e não retorna em benefícios para nós. Milhões de brasileiros trabalham sol a sol e esquecem de colocar na ponta do lápis o que pagam de imposto no café com pão, no transporte, na luz da sua casa, nas roupas que usa, no material que utiliza pra obter seu sustento. Tem hora que lembro da música do Cazuza: que país é esse? Ao mesmo tempo algo dentro de mim responde: nós fazemos nosso país. Nós faremos novas escolhas daqui há um tempo. Basta saber escolher, ou melhor, basta não escolher JAMAIS os políticos que ai estão se locupletando e destruindo os sonhos e a vida de muitos que sofrem a consequência da falta de estrutura da saúde, da educação e etc...

Até o Futebol que todos diziam que era o ópio do povo começa a decepcionar torcidas que veem as investigações colocar no pedestal o dinheiro como  prêmio e não o troféu conquistada com garra. E esse povo que esquecia suas angustias no esporte foi manipulado e escrachado pelas elites manipuladoras dos resultados de campeonatos e até da copa do mundo.

Reconstruir o orgulho de um povo e dos seus valores teria que iniciar pela retomada do poder pelo povo, para que os políticos percebam quem os colocou lá, e comecem a fazer o que precisam fazer e não o que querem fazer.

Nossa luta começa na rua que moramos, na cidade que vivemos e na  comunidade da qual dependemos. Valorizar nosso trabalho começa por exigir a aplicação justa e honesta dos impostos que pagamos. Melhorar o acesso a informação, capacitação, lazer e cultura é essencial para reconstruirmos nossos valores.

Teremos muito trabalho para reconstruir nossos valores e nossa dignidade mas com certeza valerá a pena. Pensar no futuro e mostrar o que queremos não começa por fazer videos pra tv mas em começar a agir, a reivindicar, a questionar e a exigir mudanças.
O país que eu quero tem que ter honestidade, igualdade e fraternidade.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Dia Internacional da Mulher


 

Durante vários anos ensinei para jovens adolescentes, mulheres maduras que buscavam aprender mais, criar e superarem suas limitações. Durante as aulas desenhávamos e conversávamos e em muitos momentos surgiam assuntos sobre sexualidade, preconceito, valorização profissional, violência contra a mulher, a ditadura dos padrões de beleza, participação política e outros.

Ao mesmo tempo que mergulhávamos nos desenhos e experimentávamos o desafio de criar buscávamos também aumentar a confiança e a auto estima. Serem capazes de colocar no papel ideias e emoções era uma forma de fortalecimento e superação das dificuldades. Já tive alunas que disseram ter conseguido parar de tomar remédios para dormir quando começaram a desenhar, assim como já tivemos uma aluna que sofreu um espancamento do marido e o denunciou, mas, soube que após um tempo teve que aceitar uma reconciliação por não ter como criar seus filhos sozinha. Houve um caso de uma aluna que após anos de luta na criação dos filhos e maus-tratos partiu para a separação, voltou a estudar e conseguiu fazer supletivo e até iniciar um curso universitário. Outra que sofria espancamento do marido, muito mais velho que ela e, após alguns anos acabou abandonando a família e recomeçando sua vida longe dos filhos. Enfim, mais do que aprender a desenhar nós aprendíamos a superar desafios, resistir e utilizar outros exemplos pra mudarmos o rumo de nossas vidas. A semelhança de muitas histórias é capaz de gerar cumplicidade, compaixão e fortalecer laços entre mulheres que nunca tiveram a oportunidade de aprender arte e nem esperavam que a atividade criativa poderia abrir novas possibilidades de refazer caminhos.

Eu sempre defendi a arte como área de conhecimento mas, também sempre utilizei a atividade artística como uma passagem para outros territórios quando desbravar emoções pode gerar satisfação e plenitude.

A arte é capaz de estimular e impulsionar uma energia nova que vai atuar como um rodamoinho, transformando nossas vidas, e principalmente, servindo para empoderar mulheres e ampliar sua atuação na comunidade onde vive.

Por isso é que várias vezes utilizei a frase: vamos fazer da vida uma arte e da arte um alimento para a vida.
Rose Valverde – mar/2018

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Meu pai, meu exemplo!

Hoje acordei lembrando de um trecho de uma música que meu pai cantarolava: saudade palavra triste quando se perde um grande amor... apesar de uma letra triste, era essa música que ele assobiava várias vezes alegremente.
Quase todas as lembranças que tenho de meu pai tem a ver com música. Quando era pequena ele nos acordava cedinho antes de sair pra trabalhar e ligava o rádio na Rádio Jornal do Brasil. Foi assim que eu aprendi a gostar de música clássica. Ouvia a ópera Carmem de Bizet, Rapsódia Húngara de Liszt, Suite O quebra nozes de Tchaikovsky e etc. Além das músicas que ele assobiava ou tocava na Clarineta. A música que mais gostavamos era a música Além do arco iris (over the rainbow) na versão antiga do filme O mágico de Oz.
Mas, hoje que completa um ano da sua partida faço questão de lembrar de uma das músicas do Charles Chaplin que eu aprendi a tocar na flauta há uns anos atrás e que toquei para o meu pai. Ele tocava na clarineta luzes da Ribalta e eu aprendi Smile. Só mesmo a música para permitir encontros especiais e essa música tem uma mensagem especial: